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segunda-feira, 4 de março de 2013

BATE-BOLA COM O PESQUISADOR: CARLOS CELSO


 
01. Qual seu nome completo, seu apelido (se tiver) e onde e quando nasceu?

Meu nome é Carlos Celso Cordeiro, nasci em 8 de outubro de 1943, na cidade de Tabira, em Pernambuco.

02. Com que idade você começou a juntar material relacionado ao futebol e a desenvolver pesquisas sobre o tema “futebol”?

Em 1953 fazia coleção da revista “Esporte Ilustrado”. Mas, em 1960, embora continuasse ligado ao futebol, principalmente aos jogos do Náutico, já não sabia onde aquelas revistas estavam.
Em 1982 passei a guardar registros dos jogos do Náutico. Na época, eu nem sabia o que fazer com aqueles registros. Registrava por registrar. Algumas vezes serviram para comprovar afirmações que fazia para colegas nos “papos” sobre futebol. Estes registros foram o embrião para criação dos meus bancos de dados. Os bancos de dados, por sua vez, tiveram, e continuam tendo, papel fundamental na tarefa de escrever livros sobre o futebol pernambucano. Aliás, relutei muito até decidir escrever livros. Só cheguei a fazer isto graças à insistência e incentivo de familiares e amigos que conheciam meus bancos de dados.

03. O que faz atualmente em sua vida profissional? Sua profissão está relacionada às pesquisas sobre o futebol? Quanto tempo está na atual profissão? O que fazia antes?

Hoje estou aposentado e pesquiso o futebol de Pernambuco por hobby. Com formação, primeiro em engenharia (1967) e depois em administração de empresas (1973), atuei, ao longo de minha vida profissional, como engenheiro.
Logo após concluir o curso de administração passei a dar aulas na mesma faculdade que me formei. Esta atividade de professor durou cinco anos.

04. Alguém o incentivou a começar as pesquisas? Lembra quando foi e de que forma? O que o levou a iniciar as pesquisas?

O início das pesquisas foi ideia minha. Precisava preencher meu tempo após a aposentadoria. Como dispunha dos dados dos jogos do Náutico de 1982 a 1995, decidi viajar no tempo para buscar as informações anteriores a 1982.
 

05. Qual a maior satisfação que as pesquisas lhe proporcionam ou proporcionaram?

Cada visita minha ao Arquivo Público Estadual, aqui em Recife, é um motivo de satisfação. E faço isto, desde fins de 1995, de segunda a sexta feira. Claro que passo períodos sem trabalhar. Considero estes períodos como férias.
Mas, esta atividade me rendeu grandes amizades que posso contabilizar como as maiores satisfações que me foram proporcionadas por este tipo de trabalho.

06. O que representa as pesquisas para você? É um hobby apenas? Quanto tempo de sua semana você dedica às pesquisas? Você é daqueles que regularmente vão até as bibliotecas? Sua família apoia você?

Pesquisar o futebol pernambucano é hoje o meu trabalho. Não remunerado. Vou regularmente ao Arquivo Público Estadual, cinco dias da semana. No início passava quatro horas por dia fazendo anotações dos jornais. Hoje passo, em média, 45 minutos fotografando jornais. E estes 45 minutos de fotografias rendem bastante trabalho em casa.

07. Quais foram as suas maiores alegrias na “carreira” de pesquisador? E as maiores tristezas ou decepções?

Fico alegre quando vejo meu trabalho reconhecido e fico triste quando vejo alguém assumir a paternidade de meu trabalho.

08. Qual(is) a(s) pesquisa(s) que você fez e chamaria de inesquecível(is)?

Minhas pesquisas são viagens no tempo. Com focos diferentes, já fiz pelo menos cinco viagens no período de 1905, quando nasceu o futebol em Pernambuco, até os dias atuais. Apenas para não deixar de responder, vou destacar quando encontrei o jogo do Náutico contra o “Comercio” de Caruaru realizado em 15.11.1956. Qual a importância deste jogo? Foi o primeiro jogo do Náutico que assisti.

09. E qual a sua pior pesquisa, aquela que você não gostaria de lembrar?

Para mim uma pesquisa é ruim quando o jornal da época não informa a ficha técnica do jogo.

10. Descreva um fato pitoresco presenciado por você acontecido durante as pesquisas em bibliotecas, centros de documentação ou outros.

Em uma de minhas pesquisas, um pesquisador curioso se aproxima de minha mesa. Noto que ele também é pesquisador de futebol e puxo conversa. Lá pelas tantas ele pergunta meu nome. Quando respondi ele disse: Você é Carlos Celso Cordeiro? Aí passou a me entrevistar e fazer fotos minhas.
O nome deste pesquisador é Roberto Vieira, médico oftalmologista. Roberto é hoje, não obstante a diferença de idades, um grande amigo.
Em parceria com Roberto Vieira e Lucídio José de Oliveira, outro médico que ficou meu amigo por causa do Náutico e das pesquisas, escrevi dois dos meus livros. E temos outro programado.

11. O que tira você do sério em relação à conduta de alguns pesquisadores?

Talvez por estar muito restrito ao futebol de Pernambuco, não me lembro de nada muito importante neste quesito.
Mas teve um episódio que me surpreendeu. Conheci, no Arquivo Público, um pesquisador do campeonato pernambucano. Tivemos diversas conversas por lá e também, por telefone. Quando os jornais noticiaram que eu estava produzindo um livro sobre o campeonato pernambucano ele me fez uma carta em que dizia que ele estava escrevendo sobre o assunto e que tinha patente. Portanto, eu não tinha direito de escrever sobre o nosso campeonato estadual. Não tive dúvidas. Liguei para ele e falei que também publicaria um livro sobre o Campeonato Pernambucano. Falei que era bom que ele também publicasse porque seriam dois enfoques diferentes. Por fim, perguntei se ele não sabia que vários autores já escreveram sobre a história do Brasil. Resumo: Escrevi sobre o campeonato pernambucano. Ele também escreveu. Eu comprei o livro dele e acho pouco provável que ele tenha comprado o meu.
 
 
12. Qual o local de pesquisa mais organizado que você já visitou?

Gosto do Arquivo Público Estadual aqui em Recife.

13. E qual o arquivo particular mais interessante que você já teve a satisfação de poder visitar ou de saber de sua existência?

Embora não tenha tido oportunidade de conhecer sei que alguns colegas do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas têm arquivos particulares de vulto. Como exemplos, cito o arquivo de José Ricardo Caldas e Almeida e o de Júlio Bovi Diogo.
Aqui em Pernambuco, são muitos bons os arquivos de Roberto Vieira, Lucídio José de Oliveira e Lenivaldo Aragão.
Interessante, também, o arquivo de Valdir Appel, de Blumenau.

14. Em geral, quais são as maiores qualidades e defeitos de um pesquisador?

A maior qualidade é o respeito à verdade histórica e o maior defeito é o desrespeito à verdade histórica.

15. Que sugestões você daria para todo pesquisador com a finalidade de facilitar as pesquisas?

Vou dar uma sugestão. O pesquisador deve fazer uma boa catalogação dos dados pesquisados.

16. Qual seu time do coração? Você faz ou fez pesquisas relacionadas a ele? Mantém contato com outros pesquisadores especializados em seu time do coração? Como é a sua convivência com estes?

Meu time do coração é o CLUBE NÁUTICO CAPIBARIBE. Minha primeira viagem no tempo tinha como único foco a busca dos dados dos jogos do Náutico. Depois, tomei gosto pela pesquisa e estendi o trabalho para o futebol em Pernambuco.
Minha convivência com outros pesquisadores do Náutico é amigável. Ressalto que grande parte de minhas informações já foi tornada pública através dos meus livros.

17. Quais suas sugestões e expectativas em relação às pesquisas em seu Estado? Acha que é possível reunir os pesquisadores regularmente em encontros de confraternização?

O fato de Recife ficar muito distante dificulta a participação nestes encontros.

18. Você já publicou algum livro, monografia, CD ou DVD relacionados ao futebol? Tem algum trabalho no “forno”?

Publiquei 17 livros sobre o futebol pernambucano. Destes, oito tiveram a edição impressa esgotada.
Os livros com edição impressa esgotada estão sendo vendidos em edição digital (CD com arquivo em PDF).

19. Você participa de algum blog ou site especializado em pesquisas sobre o futebol?

Sou membro do site RSSSF Brasil.

20. Quais são seus projetos de pesquisas para o futuro?

Estou trabalhando para ampliar meu acervo sobre o futebol pernambucano. Em minhas primeiras pesquisas me voltei exclusivamente para as fichas técnicas das partidas. Agora estou valorizando a documentação fotográfica publicada nos jornais e alguns fatos interessantes que encontro durante meu trabalho de pesquisa.

21. Na sua opinião, qual foi o melhor pesquisador que já tivemos em nossa história?

Não conheço o assunto suficientemente bem. Deste modo, prefiro me abster de opinar.

22. Um sonho que você ainda não realizou em suas pesquisas.

O sonho que não realizei foi o de ter um banco de dados “profissional” de onde eu pudesse responder todas as perguntas sobre o futebol pernambucano.
Meus bancos de dados foram idealizados por mim, nos idos de 1992. Como não sou do ramo, os bancos de dados respondem muitas perguntas, mas deixam muitas outras sem resposta rápida. Além do que, um único banco de dados diminuiria o trabalho.
A esta altura do campeonato não sei se seria possível migrar para um banco de dados “profissional”.

23. Finalizando, deixe o seu recado ou impressões sobre as pesquisas, sobre o blog e também sobre outro tema qualquer.

A entrevista foi muito abrangente. Não me ocorre nada a acrescentar.

CONTATOS COM O CARLOS CELSO:

e-mail: ccelsocordeiro@oi.com.br
Telefones:
(81) 3241-4839
(81) 8801-1143 (Tim)
(81) 8581-1943 (Oi)

Um comentário:

  1. Mestre Celso é um dos maiores pesquisadores do Brasil, e ouso dizer, do mundo. Sua obra traduz o futebol e a história em números...

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