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quinta-feira, 21 de março de 2013

PESQUISANDO NO CÉU: Alfredo Sampaio

 
 
Alfredo de Sousa Sampaio nasceu em Quixadá (CE), no ano de 1926.
Foi um dos maiores pesquisadores da história do futebol nacional. Era um dos mais conceituados conhecedores do futebol cearense. Detinha um arquivo atualizado e organizado.
Por muitos anos seu arquivo serviu como fonte de pesquisa para jornalistas, radialistas, torcedores e curiosos em geral.
Foi em 1938 que o futebol nasceu para Alfredo Sampaio. Ouviu falar numa tal Copa do Mundo que se realizava na França, com a participação do Brasil. Quase não acompanhou nada desse certame pois em Quixadá, naquela época, só havia dois rádios: um na casa do Vigário e outro na residência de Antônio Onofre, um simpático português proprietário da Padaria Estrela do Norte.
Não precisa dizer que os rádios eram alimentados por baterias, pois a iluminação elétrica da cidade era só de 18 às 22 horas.
Ele ficava sabendo dos resultados no dia seguinte, através dos jornais que chegavam pelo trem da Rede de Viação Cearense. Mesmo assim, procurou entender e começou a anotar os resultados num caderninho, e cortando sempre as fotos dos jogadores que esporadicamente eram publicadas nos jornais Gazeta, Correio e O Povo.
Passou a identificar os nossos maiores ases, nunca imaginou que algum dia viesse a conhecer alguns deles.
Depois da Copa passou a anotar tudo sobre futebol, a ler tudo e a comprar qualquer publicação sobre o assunto. Acompanhava o campeonato cearense e anotava os jogos do Sitiá, o primeiro time que existiu em Quixadá. Sitiá é o nome de um pequeno rio que passa na cidade, afluente do famoso açude do Cedro.
Foi aí que nasceu seu arquivo esportivo. E, de 1938 até a data de sua morte (em 3 de janeiro de 2005), nunca parou de ler, colecionar e anotar as coisas do futebol brasileiro e cearense, em particular.
Na capital, Fortaleza, a partir de 1941, quanto tinha 15 anos, a coisa tornou-se mais fácil e depois que se tornou radialista, melhor ainda.
Em 1941 assistiu ao seu primeiro jogo, entre as seleções do Ceará e Rio Grande do Norte, pelo Campeonato Brasileiro.
A partir de 1943, entrou para o antigo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (hoje absorvido pelo INSS), mediante concurso.
Em 1945, ingressou no Vargas Filho Atlético Clube, cuja turma se reunia na praça da Escola Normal, próxima de onde morava. Aí entrou de corpo e alma no esporte: como um dos dirigentes do clube, fez do Vargas Filho uma de suas paixões. Gastava dinheiro do seu próprio bolso para sustentar o time. Tudo isso sem abandonar o arquivo.
Conheceu os grandes dirigentes do futebol cearense da época e a turma da imprensa. Em 1946 entrou, pela primeira vez, na sede da antiga Federação Cearense de Desportos, onde assistia às reuniões semanais, sem faltar aos jogos no Presidente Vargas. Queria saber de tudo, ver tudo e conhecer todos. No começo, subia uma escada muito íngreme e ficava em pé, no seu último degrau assistindo às reuniões. Aos poucos foi ficando conhecido até que mandaram ele entrar e ocupar uma das cadeiras vazias.
Alfredo participou de um programa que fez sucesso na radiofonia cearense, “O Céu é o Limite”, em que ele participava respondendo a perguntas sobre tudo que dizia respeito ao futebol. Estava bem e já caminhava para ganhar um grande prêmio em dinheiro, quando resolveu desistir para embolsar o que já havia garantido e assim colaborar ainda mais com o Vargas Filho.
Com pouco tempo, chegou à presidência do Vargas Filho, tendo levado o mesmo ao título da Segunda Divisão. Logo depois, foi eleito Secretário do Departamento Autônomo da Segunda Divisão. Encerrou sua colaboração junto à Federação no ano de 1956.
Nesse ambiente, sempre fez muitas amizades e entre elas estava o Afrânio Peixoto, um dos fundadores e dirigentes do 24 de Maio F. C., onde jogavam muitos amigos.
Afrânio já era do rádio e dirigia o Departamento Esportivo da pioneira Ceará Rádio Clube. No programa esportivo “Rádio Esportes Atlantic” havia uma seção semanal intitulada “Posta Restante”, que respondia as cartas enviadas pelos ouvintes, fazendo perguntas e indagações diversas sobre o futebol.
Como o Afrânio sabia da existência do arquivo de Alfredo, sempre levava algumas cartas com perguntas mais difíceis para que ele respondesse. Alfredo escrevia as respostas atrás dos envelopes e os devolvia.
Certo dia, Afrânio convidou Alfredo para trabalhar com ele, quando passaria a fazer o “Posta Restante” e mais outras matérias. Disse-lhe que por algum tempo ele não iria ganhar nada. Seria uma espécie de “estagiário”, mas que, posteriormente, dependendo do seu aproveitamento, passaria a receber uma gratificação, o que realmente aconteceu. Passou a ser funcionário da Rádio a partir de junho de 1954, por ocasião da Copa do Mundo na Suíça.
Na Ceará Rádio Clube Alfredo Sampaio se tornou o primeiro plantonista esportivo do rádio cearense.
E lá ficou até 1956, quando o mesmo Afrânio o levou para a Rádio Uirapuru, onde teve início um novo ciclo em sua vida no rádio esportivo de Fortaleza.
Em 13 de maio de 1959, fez parte da equipe da rádio que transmitiu o jogo Brasil 2 x 0 Inglaterra, diretamente do Maracanã. Fez às vezes de repórter de pista, dando as informações complementares, mesmo da cabine.
Na rádio Uirapuru trabalhou ao lado de Júlio Sales, Lúcio Sátiro, Cid Carvalho e outros. Quando passou a comandar o departamento de esportes da rádio, deu chances a muita gente de se iniciar no rádio. O programa “As Últimas do Esporte", apresentado por Júlio Sales, foi criação dele.
Foi Alfredo Sampaio que criou o slogan “A Casa do Esporte” para a rádio Uirapuru.
Com justificada razão, ganhou o epíteto de “Enciclopédia do Futebol Cearense”. Segundo depoimento dos próprios companheiros de profissão, Alfredo sabia tudo sobre o futebol cearense e brasileiro.
Convidado por Aécio de Borba fez parte da primeira diretoria da Confederação Brasileira de Futebol de Salão e para ali levou toda sua experiência de homem organizado, respeitado e sério. Sua sala era um primor, com tudo em seu devido lugar. Extremamente organizado.
Torcia pelo Fluminense, no Rio de Janeiro, e pelo Fortaleza, no Ceará. Chegou a participar de diretorias do tricolor cearense.

HOMENAGENS

No dia 24 de setembro de 2007, às 19:30 horas, no Plenário Fausto Arruda, da Câmara Municipal de Fortaleza, foi entregue (post mortem) a Medalha Ayrton Senna ao saudoso pesquisador, cronista a dirigente esportivo Alfredo Sampaio, tido como a enciclopédia do futebol cearense. Coube ao locutor Júlio Sales fazer a apresentação do homenageado e falar sobre o livro "O Futebol Cearense - Retalhos Históricos", de Alfredo Sampaio.
A homenagem foi requerida pelo vereador Guilherme Sampaio (PT), líder da prefeita de Fortaleza, Luizianne de Oliveira Lins.

No dia 13 de setembro de 2011, a Prefeitura de Fortaleza inaugurou três novos espaços no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza: a Sala de Imprensa, a Calçada dos Craques e a Tribuna de Imprensa. Esta última, recebeu o nome de Alfredo de Sousa Sampaio.

Um comentário:

  1. Espetacular!
    Eu morava na rua Sena Madureira e fequentava muito o antigo Estadio Presidente Vargas no Benfica. Isso nas décadas de 50 e 60. Conheci pessoalmente o Aifredo Sampaio, um apaixonado pelo futebol cearense. Parabéns pela reportagem.
    Josias Cavalcante.

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