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terça-feira, 2 de abril de 2013

BATE-BOLA COM O PESQUISADOR: Marlon Krüger Compassi

 

01. Qual seu nome completo, seu apelido (se tiver) e onde e quando nasceu?
Marlon Krüger Compassi, nascido em Palmeira das Missões (RS), em 27 de maio de 1955.

02. Com que idade você começou a juntar material relacionado ao futebol e a desenvolver pesquisas sobre o tema “futebol”?
Comecei a catar informações em 1983.

03. O que faz atualmente em sua vida profissional? Sua profissão está relacionada às pesquisas sobre o futebol? Quanto tempo está na atual profissão? O que fazia antes?
Sou Químico Industrial, formado pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), em 1978. Trabalhei por 12 anos no Curtume Basso, de Santo Ângelo (RS). Depois me lancei como Consultor Ambiental, o que faço até hoje. Sou Auditor Líder da ISO 14.001, Perito Ambiental Judicial pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e acabo de terminar um curso de pós-graduação EAD de Perícias e Auditorias Ambientais. Trabalhei por dois anos e meio no Centro Nacional de Tecnologias Limpas, em Porto Alegre, e presto consultoria desde 1996 para inúmeras empresas do Estado, País e Exterior. Resido em Panambi (RS), desde 2002, distante 400 km de Porto Alegre, portanto longe das fontes de pesquisas.
As pesquisas de dados de futebol são minhas férias, porque faz mais de doze anos que não tiro férias de verdade, mas consigo a cada ano uma semana para mergulhar nas velharias de museus, bibliotecas etc.

04. Alguém o incentivou a começar as pesquisas? Lembra quando foi e de que forma? O que o levou a iniciar as pesquisas?
O que me motivou a pesquisar foi a conquista do Grêmio na Libertadores de 1983. Meti na cabeça que iria conseguir as súmulas de todas as partidas, desde seu início em 1960. Consegui! Levou uns dez anos, mas consegui. Depois, quando fui para Novo Hamburgo, iniciei as pesquisas do Citadino de Porto Alegre, do Estadual Fase Zonal (1919-1960) e do Brasileiro de Seleções.

05. Qual a maior satisfação que as pesquisas lhe proporcionam ou proporcionaram?
Completar uma competição, ter nomes completos de atletas e as súmulas. Foco muito no período amador (1900-1941).

06. O que representa as pesquisas para você? É um hobby apenas? Quanto tempo de sua semana você dedica às pesquisas? Você é daqueles que regularmente vão até as bibliotecas? Sua família apoia você?
É um hobby. Minha mulher tolera... rsrsrsrsrs. Minhas fontes, agora, estão distantes. Aqui em Panambi só tem exemplares de O Correio do Povo de 1972 a 1977. Em Santa Maria, 200 km daqui, tem uma coleção mais ou menos completa de O Correio do Povo, iniciando em 1914. Agora esta é a minha (única) fonte de pesquisa. O problema é tempo. Minhas atividades profissionais não permitem muitas visitas ao acervo. Mas diariamente estou mergulhado nos dados que tenho, digitando, trocando informações com colegas.

07. Quais foram as suas maiores alegrias na “carreira” de pesquisador? E as maiores tristezas ou decepções?
As maiores alegrias foram dados que consegui de pesquisadores despojados, que não vão morrer abraçados com seus dados, como o Douglas Rambor, o Julio Bovi Diogo (que foi meu primeiro contato, lá pelos anos 1980, por carta... rsrsrsr) e, principalmente, o Luiz ‘Alvirrubro’, embora eu seja gremista. rsrsrsrsrs. As maiores decepções são os ‘chupa-cabras’, que prefiro não nominar, que só pedem dados, não mandam quase nada e ainda publicam as informações que mando como se eles fossem os autores, sem citar a fonte.

08. E qual a sua pior pesquisa, aquela que você não gostaria de lembrar?
Um museu ou biblioteca, não lembro muito bem, de São Leopoldo (RS). Um senhor simplesmente ficou do meu lado o tempo todo. Acho que era para ver se eu não ia roubar páginas ou deteriorar as migalhas que ele se dignou a me deixar olhar.

09. Descreva um fato pitoresco presenciado por você acontecido durante as pesquisas em bibliotecas, centros de documentação ou outros.
Sinceramente eu fico tão mergulhado na pesquisa que nem noto nada ao redor, mas mesmo assim não lembro de nada fora do normal. Por exemplo: no Museu de Santa Maria, onde pesquiso O Correio do Povo, fiquei uma semana em 2012 e tirei 3.200 fotos. Eu ficava das 8:00 às 16:00, que é o período de funcionamento deles, direto, sem almoço, em pé, porque o jornal é muito grande e sentado não se consegue ver tudo. Para um ‘véio’ de 57 anos como eu não é mole.

10. O que tira você do sério em relação à conduta de alguns pesquisadores?
A empáfia de alguns que se julgam donos da verdade; os que não respondem e-mails, nem pra dizer que não tem alguma informação; os que somem nas brumas do nada, sem responder mais e-mails e não dizer por que cortaram o contato. O pior é quando você manda uma informação e publicam sem dar os devidos créditos.

11. Qual o local de pesquisa mais organizado que você já visitou?
O acervo do O Correio do Povo, um pouquinho acima do Hipólito José da Costa e do Moisés Velinho, todos em Porto Alegre. O acervo do Museu de Santa Maria também é muito bem organizado. Em todos o pessoal é muito cooperativo, embora no Hipólito exista uma limitação de número de jornais por dia.

12. E qual o arquivo particular mais interessante que você já teve a satisfação de poder visitar ou de saber de sua existência?
Arquivo particular eu nunca visitei, mas numa certa época uma pessoa de Bagé me mandou cópias xerox de jornais antigos que era do seu acervo e havia pertencido ao pai dele. O jornal havia sido extinto, mas ele conservava o acervo. Faz tanto tempo que nem lembro mais do nome dele. Isto foi antes do e-mail se tornar a ferramenta que é hoje... rsrsrsrsr.

13. Em geral, quais são as maiores qualidades e defeitos de um pesquisador?
Qualidades: a busca do dado certo; a persistência; a dedicação (como do Douglas Rambor, que roda pelo Estado desencavando a história). Defeitos: não compartilhar dados; participar de blogs e postar dados ‘protegidos’ por senha (se não era pra todo mundo ver, por que o cara não manda por e-mail pra todos que participam do blog???); pedir dados e depois nem um muito obrigado; publicar informações como se fosse suas sem citar quem forneceu.

14. Que sugestões você daria para todo pesquisador com a finalidade de facilitar as pesquisas?

Olha... é difícil dar sugestão pra isso, por que cada pesquisador tem suas motivações. Mas manter o foco na sua linha de pesquisa, sem abrir muito o leque de pesquisa, seria algo muito bom. Eu não consigo... rsrsrsrs.

15. Qual seu time do coração? Você faz ou fez pesquisas relacionadas a ele? Mantém contato com outros pesquisadores especializados em seu time do coração? Como é a sua convivência com estes?
Sou gremista, mas não coloco isto como foco. Meu foco são as competições, mas claro que dentro delas eu busco o que puder sobre o Grêmio.

16. Quais suas sugestões e expectativas em relação às pesquisas em seu Estado? Acha que é possível reunir os pesquisadores regularmente em encontros de confraternização?
Acho possível se fazer encontros. Até onde eu sei, já aconteceu um lá pelos anos 1990, não pude ir, organizado pelo João Batista Lopes. Mantenho contato com muita gente que pesquisa, como o Luiz ‘Alvirrubro’, o Izan Müller, o Antonio Carlos do Vale Jr. e por aí vai, que, se passarem por mim na rua, não vou saber que é um deles. E tem mais uma penca que não lembro mais, como o Maciel, o João Batista Lopes (Porto Alegre) etc.

17. Você já publicou algum livro, monografia, CD ou DVD relacionados ao futebol? Tem algum trabalho no “forno”?
Nunca publiquei nada. Mas tenho vontade de fazer um site chamado ‘FootBall RS’ onde vou disponibilizar meu acervo. O problema é tempo para digitar.

18. Você participa de algum blog ou site especializado em pesquisas sobre o futebol?
Participo de um fórum/comunidade do Orkut chamado “Futebol de Porto Alegre” ou coisa assim, mas até agora eu só havia observado e pegado algumas informações. Em breve, eu vou postar informações, por que minha filosofia de vida é compartilhar e não só pegar dados. Nunca fui um ‘chupa-cabra’ de dados... rsrsrsrsrsr.

19. Quais são seus projetos de pesquisas para o futuro?
Acessar os dois bancos de dados on-line na Internet, ‘Folha de São Paulo’ e ‘Jornal do Brasil’, para pegar tudo o que eu conseguir de dados sobre: Taça Brasil, Copa Libertadores de América, Intercontinental de Clubes e Campeonato Brasileiro de Seleções, num primeiro momento, e depois sobre as copas que a CONMEBOL tinha no passado, e que não tenho todas as súmulas: Supercopa da Libertadores, Copa Mercosul etc.

20. Na sua opinião, qual foi o melhor pesquisador que já tivemos em nossa história?
Aqui no Estado do Rio Grande do Sul, o Amaro Junior, pelos seus Almanaques do Esporte. O melhor livro que já li e tenho sobre o futebol é do Hermito, de Santa Maria, ‘Futebol e Reminiscências’. No Brasil, acho que o Thomaz Mazzoni. E o Júlio Bovi Diogo, de Santos, que é neuro-cirurgião e não sei como encontra tempo para postar informações.

21. Um sonho que você ainda não realizou em suas pesquisas.
Completar os dados (súmulas) do Citadino de Porto Alegre no período 1910-1972, das Ligas onde jogavam a dupla Gre-Nal e os resultados das outras Ligas menores. Só com O Correio do Povo é impossível, por que em alguns anos tem até cinco Ligas disputando seus campeonatos e à partir de 1918, com campeonatos de terceiros times, ‘Filhotes’ (infantis) e até quartos times. Isto começou ali por 1914 e eu não consigo completar tabelas de Ligas onde não estão disputando a dupla Gre-Nal só com o acervo do Correio do Povo. Às vezes, nem com a participação do Grêmio e do Internacional.
Completar também os dados do Estadual, da Fase Zonal de 1919 a 1960. Por incrível que pareça, quanto mais próximo de 1960 mais difícil é se achar súmulas de partidas no interior. Por exemplo: até hoje, faz uns vinte anos, não consigo achar súmulas de partidas do Cruzeiro de São Gabriel, do Uruguaiana, do Veronese e outros, por que não achei ou não busquei no jornal certo, sei lá.

22. Finalizando, deixe o seu recado ou impressões sobre as pesquisas, sobre o blog e também sobre outro tema qualquer.
Eu gostaria de deixar o seguinte recado para todos os pesquisadores: disponibilizem o que vocês tem, por que ninguém tem tudo e ninguém vai viver para sempre. Um dia a pessoa se vai e os dados que catou, catalogou, organizou, vão para onde? Provavelmente se perderão e muita coisa também. Quem garante que os jornais estarão sempre disponíveis?
Outra coisa: gostaria que TODOS os pesquisadores gaúchos fizessem uma campanha para que o Correio do Povo disponibilizasse seu acervo na Internet, pois hoje on-line só temos A Folha de São Paulo e o Jornal do Brasil. Tem muito pesquisador no interior do Estado que simplesmente não consegue ir a Porto Alegre para pesquisar. Quantos livros poderiam ser gerados e blogs não seriam enriquecidos?

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