Total de visualizações de página

domingo, 28 de abril de 2013

BATE-BOLA COM O PESQUISADOR: Sérgio Santos

 
 
01. Qual seu nome completo, seu apelido (se tiver) e onde e quando nasceu?
Meu nome é Sérgio da Silva Santos (Sérgio Santos), nasci em Brasília-DF, no dia 09 de agosto de 1975.

02. Com que idade você começou a juntar material relacionado ao futebol e a desenvolver pesquisas sobre o tema “futebol”?
Comecei a guardar material sobre futebol com 11 anos de idade. Anotava as escalações das partidas no jornal GAZETA ESPORTIVA e depois conheci a revista PLACAR, edição dos Campeões de 1986 e o Tabelão. Fiquei fascinado com tanto resultado de jogo (risos). Passei a desenvolver pesquisas em 1990, quando passei a ler todos os anos o Guia do Campeonato Brasileiro. Vendo os retrospectos históricos entre os clubes, comecei a montar os resultados, daí peguei gosto pelo negócio e não parei mais.

03. O que faz atualmente em sua vida profissional? Sua profissão está relacionada às pesquisas sobre o futebol? Quanto tempo está na atual profissão? O que fazia antes?
Trabalho na área de vendas e o que faço não tem nada a ver com futebol. Anteriormente trabalhava no ramo de combustíveis.

04. Alguém o incentivou a começar as pesquisas? Lembra quando foi e de que forma? O que o levou a iniciar as pesquisas?
A culpa é da PLACAR (risos). Como disse anteriormente, foi em 1986.

05. Qual a maior satisfação que as pesquisas lhe proporcionam ou proporcionaram?
A maior satisfação que uma pesquisa já me proporcionou foi recentemente, quando fiz o levantamento dos jogos da carreira de um atleta que está em atividade aqui em Mato Grosso. No dia 23 de fevereiro ele completou 350 partidas disputados por clubes em Mato Grosso, desde 1996. Ver a repercussão que gerou me causou uma alegria muito grande e fiquei motivado a fazer de outros atletas.

06. O que representa as pesquisas para você? É um hobby apenas? Quanto tempo de sua semana você dedica às pesquisas? Você é daqueles que regularmente vão até as bibliotecas? Sua família apóia você?
As pesquisas para mim representam algo muito importante. Pena que em nosso país é considerado como hobby. Hoje em dia não me dedico quase nada a fazer pesquisas, devido à falta de tempo, até mesmo porque moro num estado onde os locais para pesquisas são escassos, tendo apenas o Arquivo Público para se visitar. Minha família é neutra em relação a isso.

07. Quais foram as suas maiores alegrias na “carreira” de pesquisador? E as maiores tristezas ou decepções?
A minha maior alegria como pesquisador foi quando, em 1999, encontrei um monte de súmulas de futebol das décadas de 40, 50 e 60, atas de reuniões etc e consegui levar um pouco pra casa. A minha maior decepção foi quando, alguns anos depois, retornei ao local para ver se conseguia o restante. Aí já não estavam mais lá e ninguém sabe do paradeiro até hoje. Só de lembrar me causa arrepio.

08. Qual(is) a(s) pesquisa(s) que você fez e chamaria de inesquecível(is)?
Todas as pesquisas são inesquecíveis pra mim. Quando você pega um jornal e acha a informação que procura, solta aquele grito de alegria por dentro e a satisfação por ter conseguido.

09. E qual a sua pior pesquisa, aquela que você não gostaria de lembrar?
A pior pesquisa, não somente pra mim, mas acho que pra todos que pesquisam é aquela a qual não se obtém a informação procurada. Daí não gosto de ficar lembrando, pois me causa frustração por não ter completado o trabalho.

10. Descreva um fato pitoresco presenciado por você acontecido durante as pesquisas em bibliotecas, centros de documentação ou outros.
Diria três fatos pitorescos. A primeira foi em 1990, na biblioteca da escola onde eu estudava. Achei um Almanaque Abril da década de 70. Folheando ele, achei umas páginas de esporte com todos os resultados das Copas do Mundo e Copa América da história. Não pensei duas vezes. Destaquei e coloquei dentro do meu caderno. A segunda foi em 1994. Eu achei um livro com muita informação sobre a história da Seleção na Copa América. Eu peguei o livro e levei pra casa, escondido (risos). A terceira e última foi pesquisar no cemitério (risos). Estava fazendo um levantamento de ex-jogadores daqui de Cuiabá, aí como muitos já se foram e sei o nome completo de muitos, num dia de finados fui pesquisar a data de nascimento nos jazigos. Por incrível que pareça encontrei alguns (risos).

11. O que tira você do sério em relação à conduta de alguns pesquisadores?
Aqui em Cuiabá quase não tenho contato com pesquisadores. Mas percebo que os poucos que tem são muito egoístas, pois não gostam de divulgar as informações que possuem em seus acervos. Uma vez entrei em contato com um, ele foi muito mal educado comigo.

12. Qual o local de pesquisa mais organizado que você já visitou?
O local mais organizado que já visitei foi o Arquivo Público de Cuiabá. Lá ficam todos os jornais antigos e de fácil acesso, com funcionários que atendem bem.

13. E qual o arquivo particular mais interessante que você já teve a satisfação de poder visitar ou de saber de sua existência?
Ainda não tive o privilégio de conhecer nenhum arquivo particular.

14. Em geral, quais são as maiores qualidades e defeitos de um pesquisador?
Como pesquisador que sou, digo que as maiores qualidades são a persistência e a vontade de concluir um trabalho de pesquisa. Os defeitos, deixo para aqueles que não são pesquisadores falarem.

15. Que sugestões você daria para todo pesquisador com a finalidade de facilitar as pesquisas?

A sugestão que dou é criar uma espécie de banco de dados em nosso país para ser alimentado pelos pesquisadores, juntamente com as fontes, para que futuros pesquisadores não encontrem as dificuldades que os pesquisadores dos quatro cantos do Brasil têm.

16. Qual seu time do coração? Você faz ou fez pesquisas relacionadas a ele? Mantém contato com outros pesquisadores especializados em seu time do coração? Como é a sua convivência com estes?
Meu time de coração é o São Paulo Futebol Clube, desde 1985. Já quis pesquisar sobre o clube, mas a minha prioridade é procurar coisas relacionadas ao meu Estado, Mato Grosso. Não mantenho contato com pesquisadores a respeito do time que torço.

17. Quais suas sugestões e expectativas em relação às pesquisas em seu Estado? Acha que é possível reunir os pesquisadores regularmente em encontros de confraternização?
Não mantenho expectativas com relação às pesquisas no meu Estado devido à falta de interesse pela história do futebol. Gostaria que houvesse uma confraternização com os pesquisadores de todo o Brasil.

18. Você já publicou algum livro, monografia, CD ou DVD relacionados ao futebol? Tem algum trabalho no “forno”?
Já fiz um trabalho de monografia, em 2008, num concurso denominado escreva A HISTÓRIA DO FUTEBOL MATOGROSSENSE. Tenho vontade de fazer um livro contando a história do futebol de Mato Grosso.

19. Você participa de algum blog ou site especializado em pesquisas sobre o futebol?
Participo do blog: http://arquivosdofutebolbrasileiro.blogspot.com.br/  ARQUIVOS DO FUTEBOL BRASILEIRO e http://www.facebook.com/pages/Futebol-Cuiabano/391010047654392 FUTEBOL CUIABANO

20. Quais são seus projetos de pesquisas para o futuro?
O meu projeto para o futuro é publicar um livro contando toda a história do futebol de Mato Grosso.

21. Na sua opinião, qual foi o melhor pesquisador que já tivemos em nossa história?
Na minha opinião o maior pesquisador da história é aquele que publicou aquele livro que você tanto queria ler. Eu particularmente me fascinei com o Caminho da Bola, com todas as fichas técnicas da história do Campeonato Paulista. Com os Almanaques dos clubes que foram publicados. E todos aqueles relacionados às estatísticas entre clubes.

22. Um sonho que você ainda não realizou em suas pesquisas.
Conseguir reunir todas as fichas técnicas da história dos campeonatos de Mato Grosso, desde 1936.

23. Finalizando, deixe o seu recado ou impressões sobre as pesquisas, sobre o blog e também sobre outro tema qualquer.
Parabéns pela iniciativa de reunir todos os pesquisadores. Espero que seja o inicio de uma revolução para que num futuro próximo todas as informações possíveis sobre futebol sejam divulgadas e dada a devida importância na história do nosso país.

terça-feira, 23 de abril de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO DA SEGUNDA DIVISÃO DE 1971


O amigo pesquisador Rodolfo Stella vem fazendo um trabalho digno de “Loucos Por Futebol”, ou seja, tentar conseguir as fichas técnicas (súmulas) de todos os jogos do Campeonato Brasileiro das Séries B, C e D, ou, como preferirem, segunda, terceira e quarta divisões.
Para completar a Segunda Divisão de 1971 faltam os jogos abaixo relacionados.
Caso algum amigo pesquisador possa ajudar, mande e-mail para o Rodolfo:

rpstella@ig.com.br

Ou para o e-mail constante no alto da página:

jrca1957@gmail.com

Os jogos são os seguintes:

12.09.1971
CAMPINENSE 1 x 0 ABC
17.10.1971
CAMPINENSE 2 x 1 FERROVIÁRIO-CE
20.10.1971
FERROVIÁRIO-CE 2 x 0 CAMPINENSE
29.08.1971
MARANHÃO 0 x 2 SAMPAIO CORRÊA
05.09.1971
FLAMENGO (PI) 2 x 2 GUARANY
08.09.1971
FLAMENGO (PI) 1 x 0 SAMPAIO CORRÊA
12.09.1971
RIVER 1 x 0 GUARANY
19.09.1971
GUARANY 3 x 2 SAMPAIO CORRÊA
26.09.1971
SAMPAIO CORRÊA 5 x 0 MARANHÃO
03.10.1971
GUARANY 0 x 1 FLAMENGO (PI)
06.10.1971
FLAMENGO (PI) 3 x 1 MARANHÃO
10.10.1971
RIVER 2 x 3 SAMPAIO CORRÊA
17.10.1971
GUARANY 0 x 3 RIVER
14.11.1971
FLAMENGO-PI 0 x 0 FERROVIÁRIO-CE
21.11.1971
ITABAIANA 5 x 1 FLAMENGO-PI

Lembrando que a súmula deverá conter os seguintes dados:

JOGO
DATA
LOCAL
ÁRBITRO
PÚBLICO E RENDA
EXPULSÕES
GOLS (de preferência, com os tempos)
ESCALAÇÕES DAS DUAS EQUIPES

AVISO

Estivemos fora de Brasília (viajei para Salvador-BA) de quinta-feira, 18 de abril, a segunda-feira, 22 de abril.
Estamos de volta, esperando continuar contando com a colaboração dos amigos pesquisadores em fornecer matérias para o blog.
Abraço a todos.
José Ricardo

quinta-feira, 18 de abril de 2013

ESPORTE MODERNO: MEMÓRIA E HISTÓRIA


A seguir, divulgamos um texto que tem como objetivo destacar a pesquisa histórica como uma possibilidade de narrar e analisar o esporte moderno. Para tanto analisa a relação entre memória e história bem como a vinculação deste fenômeno cultural com a tradição e com o espetáculo. Por fim, elenca uma série de "locais da memória" existentes no Brasil cujos acervos traduzem-se em importantes fontes de consulta e pesquisa.
Esclarecemos que alguns endereços podem estar desatualizados tendo em vista que o texto foi publicado na Revista Digital n° 77, de outubro de 2004.
O texto é de autoria de
Silvana Vilodre Goellner, Doutora em Educação e professora da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Diretora do Centro de Memória do Esporte da mesma instituição, Coordenadora do GRECCO - Grupo de Estudos sobre Cultura e Corpo e Pesquisadora do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Só estamos disponibilizando a parte do texto relativo a Memória Esportiva no Brasil.
 
...

Por essa razão tornam-se fundamentais, para a preservação da memória e a construção de histórias, os museus, centros de informação e documentação, bem como os acervos e as coleções particulares, identificados, neste aqui como "locais da memória".

Memória esportiva no Brasil: iniciativas pioneiras

No Brasil, desde há algum tempo podemos identificar iniciativas no que respeita a recuperação, preservação e socialização de dados referentes à memória esportiva brasileira, inclusive a memória olímpica. Em uma primeira fase estas iniciativas se estruturam a partir de interesses individuais de colecionadores e aficionados pelo esporte cujos acervos, em sua maioria, encontram-se ainda sem acesso público. Destaco, aqui, algumas dessas iniciativas: 1) o acervo de Gerson Sabino, jornalista de Belo Horizonte, que desde a década de 30 colecionou artefatos relacionados ao futebol visto ter participado de todas as Copas do Mundo até o ano de sua morte, em 1998. Gerson reuniu um vasto material referente a essa modalidade esportiva organizando uma coleção particular que está sob responsabilidade de sua família; 2) a coleção de livros de Mario Cantarino, localizada em sua residência na cidade de Brasília. O professor Mário começou a reunir diferentes obras desde o final dos anos 40, reunindo um acervo bibliográfico que se constitui, hoje, na maior biblioteca particular do Brasil sobre Educação Física e esportes. Com aproximadamente 4.000 livros, grande parte deles editados entre 1930-1950, possui ainda algumas obras raras tanto nacionais como internacionais; 3) Nos anos 60, é importante registrar a estruturação de outro acervo esportivo particular: o "Museu de Educação Física", organizado pelo professor Jair Jordão Ramos de modo informal e particular, na sua própria residência, no Rio de Janeiro. 4) Neste mesmo período, na cidade de Porto Alegre, o médico Henrique Licht, iniciou uma importante coleção sobre esportes organizando um acervo de aproximadamente 8.000 referentes à história dos esportes olímpicos e não olímpicos tanto mundiais como nacionais e regionais. Esse acervo foi doado, em novembro de 2002, ao Centro de Memória do Esporte da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e está disponível para consulta e pesquisa.
Como iniciativa individual de preservação da memória esportiva brasileira cabe ainda ressaltar o acervo de Roberto Gesta de Melo, atual Presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, cuja coleção particular reúne, em sua residência, na cidade de Manaus, documentos e objetos olímpicos com ênfase no atletismo destacando-se vários itens do acervo pessoal de Ademar Ferreira da Silva - grande atleta brasileiro e bi-campeão olímpico no salto triplo. Além desses acervos particulares figura como importante a biblioteca do professor Lamartine Pereira da Costa, composta por obras bastante preciosas no que respeita à memória e a história do esporte moderno.
Para além dos acervos particulares, os clubes esportivos desempenham, desde os anos 80 do século XX, um importante papel na preservação da memória esportiva e olímpica do Brasil. Destacam-se, por exemplo, Arquivo Histórico do Clube Espéria, de São Paulo (1989) http://www.esperia.com.br/; o Museu do Grêmio Football Porto Alegrense (1988) http://www.gremio.net/; o Centro de Memória Centro de Memória Hans Nobiling, ligado ao Esporte Club Pinheiros, em São Paulo (1991) - http://www.pinheiros.org.br/area_memoria/atendimento.asp; o "Memorial Sogipa" pertencente à Sociedade de Ginástica Porto Alegre que se identifica pela sigla SOGIPA (1992) - http://www.sogipa.esp.br/; o Flu-Memória, vinculado ao Fluminense Football Club, no Rio de Janeiro (1995) - http://www.flu.com.br/; Centro de Documentação do Comitê Olímpico Brasileiro (1996) - http://www.cob.org.br/ e o Acervo Histórico do Minas Tênis Clube (1997) - http://www.minastenis.com.br/. Estes clubes apresentam os acervos organizados e disponibilizados para consulta pública. Por certo vários outros clubes poderiam ser citados mas talvez ainda não o foram porque a sistematização, catalogação e recuperação dos acervos não estejam em condições suficientes para a garantir o acesso e a consulta aos materiais que abrigam.
Como locais da memória esportiva são importantes, ainda, as diferentes iniciativas institucionais que despontaram no Brasil a partir dos anos 80. Iniciativas estas vinculadas a órgãos públicos como, por exemplo, o Centro de Memória Esportiva "De Vaney" vinculada a Secretaria Municipal de Esportes de Santos (1993), cujo acervo engloba material a partir de 1938 - http://www.urbo.com.br/cmedevaney/. E, mais recentemente, os centros de documentação e memória vinculadas às Universidades como, por exemplo, o Centro de Memória do Esporte da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - CEME - http://www6.ufrgs.br/esef/ceme/index.html; o Centro de Memória da Escola de Educação Física e Desportos, vinculado à Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001) - http://www.ceme.eefd.ufrj.br/. O Centro de Memória da Educação Física - Universidade Federal de Minas Gerais - CEMEF- UFMG (2001) - http://www.eef.ufmg.br/; e o Arquivo Maria Lenk que opera sob responsabilidade da Biblioteca da Pós Graduação em Educação Física da Universidade Gama Filho
Cabe ainda ressaltar o projeto do Museu Olímpico do Comitê Olímpico Brasileiro além de iniciativas do setor de informações esportiva, as quais tem convergido para congregar a memória com a informação compartilhada. Exemplos atuais desta intervenção no Brasil são: Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva - SIBRADID, sediado a Escola de Educação Física da UFMG - http://www.sibradid.eef.ufmg.br/; o Núcleo Brasileiro de Dissertações e Teses - NUTESES, o acesso às informações referentes à produção científica, dissertações e teses, da área de Educação Física, Esportes, Educação e Educação Especial - http://www.nuteses.ufu.br/index3.html; o Centro Esportivo Virtual - CEV - http://www.cev.org.br/; o REFELNET, Revistas de Educação Física, Esporte e Lazer On-line -vinculado à Escola Superior de Educação Física de Muzambinho-MG - http://www.efmuzambinho.org.br/ref.asp; e o CEDIME Centro de Documentação e Informação Esportiva do Ministério do Esporte que foi criado em 2003 e encontra-se em fase de estruturação. Este Centro constitui-se em um sistema virtual que busca aglutinar informações relacionadas ao esporte nacional objetivando potencializar ações direcionadas para a gestão esportiva - http://www.esporte.gov.br .
Se pensarmos na potencialidade que esses acervos têm no sentido de se constituírem tanto como locais da memória como locais para o desenvolvimento de projetos educativos relacionados ao esporte podemos perceber que os inúmeros desafios colocados à memória e a história do esporte moderno no Brasil e América Latina. Nesse sentido torna-se ser urgente efetivar algumas ações como, por exemplo: 1) o mapeamento dos acervos particulares e públicos; 2) a identificação de acervos particulares e a tentativa de que sejam cedidos/vendidos para instituições cujo acesso seja público, não só aos pesquisadores mas a todos que se interessam pela memória esportiva; 3) a implementação de projetos interinstitucionais e entre grupos de estudos cuja temática relaciona-se à Memória e a História Esportivas, estabelecendo uma rede de informações a ser partilhada não só aos grupos mas a quem delas desejar acessar via recursos computacionais; 4) a ampliação de ações dos grupos de pesquisa em história do esporte e das diferentes práticas corporais hoje existentes no Brasil e na América Latina objetivando, para além da atividade de pesquisa, a realização de ações como: exposições e oficinas temáticas a serem desenvolvidas em escolas, clubes, parques, praças, etc sensibilizando crianças e jovens para a preservação da memória esportiva local bem como a construção de histórias a ela relacionadas; 5) a organização de bancos de dados acerca da história esportiva nacional sua disponibilização através de recursos computacionais. Criação de home-pages, publicações on-line, CDRoms, etc; 6) a organização de acervos de depoimentos com pessoas que tiveram e tem significativa importância na construção/consolidação da história esportiva (atletas, dirigentes, entusiastas, jornalistas, colecionadores, etc); 7) o fomento à pesquisa sobre a memória esportiva de uma região, comunidade, cidade e incentivo a reconstrução de histórias particulares e específicas; 8) o incentivo, por parte dos Comitês Olímpicos, de instituições de fomento e empresas privadas aos grupos de Pesquisa em Memória e História bem como aos centros de memória, documentação e informação esportivas, objetivando qualificar suas intervenções.
Enfim, se muito já foi feito ao pensarmos na memória e na história dos esportes gostaria de finalizar esse texto afirmando que há, ainda, um mundo a se fazer. E este depende da paixão pelo tema, da ousadia teórica, do rigor metodológico, da sensibilidade histórica e, sobretudo, da vontade de que da memória esportiva floresçam histórias a nos contar sobre esse elemento da cultura que, cotidianamente, nos seduz, encanta e desafia.

domingo, 14 de abril de 2013

BATE-BOLA COM O PESQUISADOR: Marcos Galves Moreira


 
 
BATE-BOLA COM O PESQUISADOR: Marcos Galves Moreira
01. Qual seu nome completo, seu apelido (se tiver) e onde e quando nasceu?
Marcos Galves Moreira. Tenho um apelido antigo: “Parra”. Nasci em São Paulo (SP), em 3 de julho de 1958.

02. Com que idade você começou a juntar material relacionado ao futebol e a desenvolver pesquisas sobre o tema “futebol”?
Comecei com os botões, ainda no tempo daqueles das “carinhas”. Me recordo que com 10 ou 11 anos recortava a Revista do Esporte para colocar as caras dos jogadores no botão.

03. O que faz atualmente em sua vida profissional? Sua profissão está relacionada às pesquisas sobre o futebol? Quanto tempo está na atual profissão? O que fazia antes?
Sou Engenheiro de Alimentos e tenho uma distribuidora de matérias primas para laticínios. Atuo há aproximadamente 28 anos.

04. Alguém o incentivou a começar as pesquisas? Lembra quando foi e de que forma? O que o levou a iniciar as pesquisas?
Sempre gostei do “futebol antigo”, clássico. Dos jogadores antigos ficaram no esquecimento. Mais ou menos em 1995 comecei a colecionar fichas técnicas dos jogos do campeonato paulista da primeira divisão. A ideia era fazer um livro histórico sobre o assunto.

05. Qual a maior satisfação que as pesquisas lhe proporcionam ou proporcionaram?
A maior satisfação é a de derrubar mitos. Mostrar a verdade de um fato, evitando as histórias das carochinhas.

06. O que representa as pesquisas para você? É um hobby apenas? Quanto tempo de sua semana você dedica às pesquisas? Você é daqueles que regularmente vão até as bibliotecas? Sua família apoia você?
Na realidade estou bem afastado das pesquisas. Já fui bem mais atuante. Cheguei a visitar mais de 50 bibliotecas e hemerotecas no Estado de São Paulo. Possuo um acervo respeitável sobre os clubes do interior de São Paulo. Minha família sempre abominou essa “mania”.

07. Quais foram as suas maiores alegrias na “carreira” de pesquisador? E as maiores tristezas ou decepções?
A maior alegria foi resgatar a história do acesso paulista (2ª Divisão), um campeonato que já teve muita importância no passado e hoje infelizmente está relegado a planos inferiores.

08. Qual(is) a(s) pesquisa(s) que você fez e chamaria de inesquecível(is)?
Foi construir um acervo sobre o futebol de São Paulo, Estado em que vivo e de ter também em arquivo mais de 95% das fichas técnicas do glorioso São Bento, de Sorocaba.

09. E qual a sua pior pesquisa, aquela que você não gostaria de lembrar?
Honestamente nunca perdi tempo com assunto que não me traz prazer. Na realidade as minhas pesquisas sempre nortearam a busca pela satisfação pessoal.

10. Descreva um fato pitoresco presenciado por você acontecido durante as pesquisas em bibliotecas, centros de documentação ou outros.
Logicamente que só de você estar numa biblioteca remoendo jornais antigos e tirando fotos já aguça a curiosidade de muita gente. Sempre procurei ser muito discreto e nem sempre revelando o teor das pesquisas. Sinceramente não me recordo de algum episódio para comentar.

11. O que tira você do sério em relação à conduta de alguns pesquisadores?
A falsa informação, a história “parece que foi assim” e o que mais abomino é o “roubo” das informações, caso este que já aconteceu comigo.

12. Qual o local de pesquisa mais organizado que você já visitou?
Sem dúvida a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, apesar da morosidade em substituir um jornal pelo outro.

13. E qual o arquivo particular mais interessante que você já teve a satisfação de poder visitar ou de saber de sua existência?
Arquivo organizado foi o que encontrei em Bauru (SP).

14. Em geral, quais são as maiores qualidades e defeitos de um pesquisador?
A qualidade de um pesquisador deve ser a tenacidade em buscar a informação correta e o pior defeito é o do plágio.

15. Que sugestões você daria para todo pesquisador com a finalidade de facilitar as pesquisas?
Se unir e dividir as tarefas. Nem todos tem tempo sobrando para desviar seu tempo de trabalho.

16. Qual seu time do coração? Você faz ou fez pesquisas relacionadas a ele? Mantém contato com outros pesquisadores especializados em seu time do coração? Como é a sua convivência com estes?
É o Santos F. C. Não pesquiso sobre ele, pois já tem muita literatura sobre o assunto. Gosto de pesquisar os times do interior de São Paulo.

17. Quais suas sugestões e expectativas em relação às pesquisas em seu Estado? Acha que é possível reunir os pesquisadores regularmente em encontros de confraternização?
Sinceramente é um assunto que prefiro pensar quando estiver aposentado. A confraternização seria interessante.

18. Você já publicou algum livro, monografia, CD ou DVD relacionados ao futebol? Tem algum trabalho no “forno”?
Tenho a “História do Acesso” num estágio avançado, porém, por razões profissionais tive que me afastar.

19. Você participa de algum blog ou site especializado em pesquisas sobre o futebol?
Como disse, atualmente não participo ativamente de nada relacionado a blogs. Colaboro eventualmente com uma emissora de TV da cidade onde moro (Sorocaba) informando o histórico dos confrontos do São Bento.

20. Quais são seus projetos de pesquisas para o futuro?
Não tenho nada formatado no momento, mas gostaria de avançar com a “história do acesso”.

21. Na sua opinião, qual foi o melhor pesquisador que já tivemos em nossa história?
Se fala muito no Thomaz Mazzoni, num tempo em que, como diziam os antigos, “se amarrava cachorro com linguiça”. No seu tempo ele teve o seu mérito.

22. Um sonho que você ainda não realizou em suas pesquisas.
Editar um almanaque.

23. Finalizando, deixe o seu recado ou impressões sobre as pesquisas, sobre o blog e também sobre outro tema qualquer.
Acho que num país que se denomina do futebol não pode ter uma literatura futebolística tão pobre, do ponto de vista de qualidade. A Argentina produz material de qualidade muito melhor que o nosso. Imagina citar os Estados Unidos. Infelizmente, enquanto não se melhorar a qualidade de ensino neste País, vamos continuar sendo uma promessa de país grande.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

O RECANTO DO GUERREIRO: Domingos D’Ângelo

 

 
Domingos Antônio D’Ângelo Junior, ou só Domingos D’Ângelo, está com 74 anos, é casado, tem três filhos e oito netos.
Tem o curso superior de Administração de Empresas/Administrador de Recursos Humanos e é torcedor do São Paulo.
O “Recanto” desse guerreiro fica em São Paulo, em sua residência, numa casa que tem um terreno de
11 x 50 metros. Isto o preocupa muito, pois, fica imaginando quando tiver “passado” para o lado de lá, quem na família terá espaço para abrigar a sua biblioteca.
Atualmente, sua biblioteca é composta de 2.016 obras com o tema Futebol, em português. Em 2013 já tem mais 15 livros lançados ou em fase de lançamento que ainda não comprou, pois, segundo ele, tem faltado “fôlego” econômico para tal.
Segundo Domingos, sua coleção serve como uma diversão, mas muitas vezes o fez refletir sobre a vida e certamente o enriqueceu como pessoa.
O primeiro livro que chamou sua atenção foi “Drama e Glória dos Bicampeões”, de Armando Nogueira e Araújo Neto, de 1962. Na verdade, Domingos não sabe precisar quando começou a montar sua biblioteca, calculando em mais ou menos 40 anos.
A biblioteca tem livros sobre Biografias, Narrativas, História, Clubes, Crônicas, Romances, Ficção, Dicionários, Infanto-Juvenil, Legislação/Regras, Administração, Psicologia, Sociologia, Medicina, Táticas e Técnica, sempre com o tema Futebol. É esta a classificação que ele utiliza.
Nos últimos anos tem ocorrido um acréscimo no lançamento de livro com o tema futebol.
As biografias, histórias de clubes, almanaques, crônicas e sociologia tem sido maioria em relação a ficção e romances.
Domingos não saberia dizer qual seu melhor livro. Recentemente tentou escolher 100 e desistiu. De qualquer forma, indica alguns livros que tem grande admiração.
Sob o título de biografias, certamente o livro do Ruy Castro, Estrela Solitária - Um brasileiro chamado Garrincha, que ajudou a diminuir o preconceito sobre o tema (futebol e literatura).

 

Ainda podem ser lembradas outras belíssimas biografias, tais como “Fio de Esperança” (biografia de Telê Santana, de André Ribeiro); “O Diamante Eterno”, também de André Ribeiro; “João Saldanha: uma vida em jogo”, de André Iki Siqueira; “Nunca Houve um Homem como Heleno”, de Marcos Eduardo Neves e “O Artilheiro que não sorria”, do Rafael Casé, sobre o Quarentinha.
Está sendo lançado um livro sobre o Friedenreich, escrito pelo Luiz Carlos Duarte, que é um ótimo livro.
Sobre clubes, temos os livros da Editora DBA:
Corinthians Paixão e Glória, Juca Kfouri; Palmeiras A Eterna Academia, Alberto Helena Junior; Santos - Um Time do Céus, José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta e São Paulo F.C. Saga de um Campeão, Ignácio de Loyola Brandão.
E os dois da Editora Mercado Aberto, do Ruy Carlos Ostermann, Até a Pé Nós Iremos (Grêmio) e Meu Coração é Vermelho (Internacional).
Não se pode esquecer a coleção “Camisa Treze” inicialmente da DBA e depois com a Ediouro, com 13 livros publicados sobre clubes.
O jornalista Orlando Duarte recentemente escreveu três excelentes livros sobre o “trio de ferro”, publicados pela Companhia Editora Nacional: Palmeiras - O alviverde imponente e Corinthians - O Time da Fiel, junto com João Bosco Tureta, em 2011, São Paulo F. C. - O Supercampeão, em conjunto com Mário Vilela.
A respeito da Seleção Brasileira, dois “livraços”:
Enciclopédia da Seleção - As Seleções. Brasileiras 1914/2002, Ivan Soter, e Todos os Jogos do Brasil, Ivan Soter, André Fontenelle, Mario Levi Schwartz, Dennis Woods e Valmir Storti.
Corinthians e Flamengo têm merecido um maior número de livros, em razão do tamanho de suas torcidas.
Sobre futebol e música, certamente Futebol - no país da música, do Beto Xavier.
Sobre futebol e cinema: Fome de Bola - Cinema e Futebol no Brasil, Luiz Zanin Oricchio e Futebol por todo o Mundo - Diálogos com o cinema, Victor Andrade de Melo e Marcos Alvito (orgs.)
Outras obras que tratam da história do futebol brasileiro e merecem citação são:
O Pontapé Inicial - Memória do Futebol Brasileiro (1894/33), do Prof. Waldenyr Caldas, Ibrasa, de 1990, com 234 páginas, precursor sobre a história do futebol.
Corações na Ponta da Chuteira, do Prof. Fábio Franzini, da DP&A Editora, de 2003, com 95 páginas, pequeno mas com muito conteúdo.
O livro Nascimento de Uma Paixão - História do Futebol, escrito pelo Engenheiro Duílio Domingos Martino, em 1997, com 830 páginas, deve também ser considerada uma obra de referência, com a origem do futebol, fac-símile de periódicos e súmulas de jogos.
O jornal Lance em 2001 editou, com autoria de Marcelo Duarte Enciclopédia do Futebol Brasileiro - 2 volumes, com 574 páginas, que em 2009 se atualiza com o título em Lancepédia - A Enciclopédia do Futebol Brasileiro, também em 2 volumes, com co-autoria do Marcelo Damato e com 692 páginas.
O Prof. Celso Unzelte autor de 14 livros, entre outros Almanaque do Corinthians, Almanaque do Palmeiras e 9 edições especiais da Placar, é autor do O Livro de Ouro do Futebol, editado pela Ediouro em 2002, com 692 páginas, é outra obra de referência para se conhecer a história do futebol.
Footballmania – Uma História Social do Futebol no Rio de Janeiro, 1902-1938, de Leonardo Affonso de M. Pereira, Nova Fronteira, 2000, com 374 páginas.
Futebol Brasil Memória - De Oscar Cox a Leônidas da Silva, Claudio Nogueira, Senac Rio, 2006, com 283 páginas.
Memória Social dos Esportes – Futebol e Política: A Construção de uma Identidade Nacional, Francisco Carlos Teixeira da Silva e Ricardo Pinto dos Santos (orgs.), Mauad e Faperj, 2006, com 398 páginas.
Letras, 2008, com 446 páginas.
O Futebol Explica o Brasil, de Marcos Guterman, Contexto, 2009, com 270 páginas.
Se citarmos os livros de e sobre Mario Filho e Nelson Rodrigues, teríamos mais uns 20.
Sem dúvida O Negro no Futebol Brasileiro, com prefácio de Gilberto Freyre, Civilização Brasileira, em 1964, reeditado pela Editora Firmo em 1994 e pela editora Mauad em 2003, se destaca dos demais, além de “obra prima”, até hoje não se consegue determinar se é um livro sobre a história ou sociologia.
Criador das mais significativas metáforas no futebol, Nelson Rodrigues deixou uma herança que não obstante diversos livros, ainda tem muito a ser estudada. A obra de Nelson Rodrigues é de uma grandeza, que vai demorar ainda alguns anos para ser devidamente avaliada.
Suas crônicas sobre futebol também estão em vários livros.
Não deveriam ter sido deixados de lado autores como: Roberto Da Matta, Roberto Assaf, Thomaz Mazzoni, Edilberto Coutinho, Armando Nogueira, João Máximo, João Saldanha e mais uns 50 autores, mas aí não caberia nesse blog...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

PESQUISANDO NO CÉU: ROCHA NETTO

 
Rocha Netto em novembro de 2000
 
 
Delphim Ferreira da Rocha Netto, carinhosamente conhecido como Rocha Netto, nasceu no dia 9 de junho de 1913, na cidade de Itu (SP), filho de Francisco Nazareth Rocha e Eufrosina de Mello Rocha.
Foi casado com a Sra. Yara Moreira Freire da Rocha, com quem teve três filhos: Weimar Freire da Rocha, José Carlos Freire da Rocha e Delfim Sérgio Freire da Rocha.
Foi para Piracicaba (SP) em 1919. Iniciou os primeiros passos na imprensa esportiva piracicabana em 1930, como colaborador do Jornal de Piracicaba. Em 1933, transferiu-se para São Paulo e tornou-se representante junto à imprensa paulistana da Associação Atlética Acadêmica “Luiz de Queiroz” e do Esporte Clube XV de Novembro de Piracicaba.
Nesse período, divulgou o nome de Piracicaba nos principais jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em Piracicaba, foi correspondente dos veículos Diários Associados, Rádio Pan-Americana e A Gazeta Esportiva, além de redator da revista carioca Sport Ilustrado.
Escreveu dois livros sobre o alvinegro piracicabano, intitulados “A História do XV”, nos quais resgata a trajetória do clube desde a sua criação, no ano de 1913, até a década de 90.
Rocha Netto foi o maior propagador do XV de Novembro de Piracicaba. Possuidor do maior e mais completo arquivo esportivo, o qual contém cerca de 50 mil fotos, além de jornais, revistas , livros, reportagens e publicações nacionais e internacionais sobre futebol , onde o XV tinha espaço e destaque especial.
Em abril de 2002, Rocha Netto jornalista doou seu acervo à Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Considerado um dos mais completos sobre futebol brasileiro, o arquivo é fonte de pesquisa para estudantes, jornalistas, historiadores, esportistas e demais interessados.
Foi Presidente de Honra do Esporte Clube XV de Novembro e da Associação Atlética Acadêmica "Luiz de Queiroz", membro do Panathlon Club Piracicaba. Além de quinzista "roxo" era também são paulino.
Possuía uma invejável memória esportiva com dados estatísticos de jogos e gols memoráveis.
Possuía grande amor e dedicação pela Associação Atlética Acadêmica Luiz de Queiroz (AAALQ), como também da gloriosa Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) onde também era muito estimado e reconhecido, sendo anualmente homenageado pelos alunos nas formaturas da ESALQ.
Se tornou "Cidadão Piracicabano" em 1967.
Faleceu em Piracicaba no dia 23 de agosto de 2003, aos 90 anos de idade. Com sua figura humilde e simpática, Rocha Netto tornou-se referência nos meios esportivos, sendo um ícone do XV de Novembro de Piracicaba.
Após sua morte, recebeu mais duas homenagens.

A primeira, o “Prêmio Rocha Netto de Esporte”, criado pelo Decreto Legislativo 21/2004, de autoria do vereador João Manoel dos Santos (PTB), e que é promovido anualmente pela Câmara em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras, o Panathlon Club e a Acesep (Associação dos Clubes Sociais e Esportivos de Piracicaba). O prêmio é dividido em duas categorias, uma para o esporte individual e outra para o coletivo. O objetivo principal deste decreto é incentivar, reconhecer e valorizar os profissionais do esporte que trabalham na cidade de Piracicaba.
A segunda homenagem aconteceu no dia 24 de março de 2012, em uma solenidade que oficializou a denominação do “Parque de Esportes e Lazer Delphim Ferreira da Rocha Netto”, localizada entre os bairros Cecap/Eldorado. A propositura foi da ex-vereadora Aparecida Gregolin Abe, conforme lei nº 5.521/2004, por meio da iniciativa da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras (Selam)
Para conhecerem melhor Rocha Netto, eis alguns vídeos:

http://www.youtube.com/watch?v=EFWaSgODlRM

http://www.youtube.com/watch?v=YpUG98zlaIA

http://www.youtube.com/watch?v=Y133YCAqMjA

http://www.youtube.com/watch?v=tkwE3zodZp4

NOVO ANUÁRIO DO FUTEBOL PAULISTA



ANUÁRIO

DO

FUTEBOL

PAULISTA

 

 

 1924

 
Nosso amigo Júlio Bovi Diogo acaba de lançar mais um Anuário do Futebol Paulista, desta vez o de 1924.
Aos interessados em adquirir uma versão e-book, favor entrar em contato pelo e-mail

juliodiogo@litoral.com.br


terça-feira, 2 de abril de 2013

BATE-BOLA COM O PESQUISADOR: Marlon Krüger Compassi

 

01. Qual seu nome completo, seu apelido (se tiver) e onde e quando nasceu?
Marlon Krüger Compassi, nascido em Palmeira das Missões (RS), em 27 de maio de 1955.

02. Com que idade você começou a juntar material relacionado ao futebol e a desenvolver pesquisas sobre o tema “futebol”?
Comecei a catar informações em 1983.

03. O que faz atualmente em sua vida profissional? Sua profissão está relacionada às pesquisas sobre o futebol? Quanto tempo está na atual profissão? O que fazia antes?
Sou Químico Industrial, formado pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), em 1978. Trabalhei por 12 anos no Curtume Basso, de Santo Ângelo (RS). Depois me lancei como Consultor Ambiental, o que faço até hoje. Sou Auditor Líder da ISO 14.001, Perito Ambiental Judicial pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e acabo de terminar um curso de pós-graduação EAD de Perícias e Auditorias Ambientais. Trabalhei por dois anos e meio no Centro Nacional de Tecnologias Limpas, em Porto Alegre, e presto consultoria desde 1996 para inúmeras empresas do Estado, País e Exterior. Resido em Panambi (RS), desde 2002, distante 400 km de Porto Alegre, portanto longe das fontes de pesquisas.
As pesquisas de dados de futebol são minhas férias, porque faz mais de doze anos que não tiro férias de verdade, mas consigo a cada ano uma semana para mergulhar nas velharias de museus, bibliotecas etc.

04. Alguém o incentivou a começar as pesquisas? Lembra quando foi e de que forma? O que o levou a iniciar as pesquisas?
O que me motivou a pesquisar foi a conquista do Grêmio na Libertadores de 1983. Meti na cabeça que iria conseguir as súmulas de todas as partidas, desde seu início em 1960. Consegui! Levou uns dez anos, mas consegui. Depois, quando fui para Novo Hamburgo, iniciei as pesquisas do Citadino de Porto Alegre, do Estadual Fase Zonal (1919-1960) e do Brasileiro de Seleções.

05. Qual a maior satisfação que as pesquisas lhe proporcionam ou proporcionaram?
Completar uma competição, ter nomes completos de atletas e as súmulas. Foco muito no período amador (1900-1941).

06. O que representa as pesquisas para você? É um hobby apenas? Quanto tempo de sua semana você dedica às pesquisas? Você é daqueles que regularmente vão até as bibliotecas? Sua família apoia você?
É um hobby. Minha mulher tolera... rsrsrsrsrs. Minhas fontes, agora, estão distantes. Aqui em Panambi só tem exemplares de O Correio do Povo de 1972 a 1977. Em Santa Maria, 200 km daqui, tem uma coleção mais ou menos completa de O Correio do Povo, iniciando em 1914. Agora esta é a minha (única) fonte de pesquisa. O problema é tempo. Minhas atividades profissionais não permitem muitas visitas ao acervo. Mas diariamente estou mergulhado nos dados que tenho, digitando, trocando informações com colegas.

07. Quais foram as suas maiores alegrias na “carreira” de pesquisador? E as maiores tristezas ou decepções?
As maiores alegrias foram dados que consegui de pesquisadores despojados, que não vão morrer abraçados com seus dados, como o Douglas Rambor, o Julio Bovi Diogo (que foi meu primeiro contato, lá pelos anos 1980, por carta... rsrsrsr) e, principalmente, o Luiz ‘Alvirrubro’, embora eu seja gremista. rsrsrsrsrs. As maiores decepções são os ‘chupa-cabras’, que prefiro não nominar, que só pedem dados, não mandam quase nada e ainda publicam as informações que mando como se eles fossem os autores, sem citar a fonte.

08. E qual a sua pior pesquisa, aquela que você não gostaria de lembrar?
Um museu ou biblioteca, não lembro muito bem, de São Leopoldo (RS). Um senhor simplesmente ficou do meu lado o tempo todo. Acho que era para ver se eu não ia roubar páginas ou deteriorar as migalhas que ele se dignou a me deixar olhar.

09. Descreva um fato pitoresco presenciado por você acontecido durante as pesquisas em bibliotecas, centros de documentação ou outros.
Sinceramente eu fico tão mergulhado na pesquisa que nem noto nada ao redor, mas mesmo assim não lembro de nada fora do normal. Por exemplo: no Museu de Santa Maria, onde pesquiso O Correio do Povo, fiquei uma semana em 2012 e tirei 3.200 fotos. Eu ficava das 8:00 às 16:00, que é o período de funcionamento deles, direto, sem almoço, em pé, porque o jornal é muito grande e sentado não se consegue ver tudo. Para um ‘véio’ de 57 anos como eu não é mole.

10. O que tira você do sério em relação à conduta de alguns pesquisadores?
A empáfia de alguns que se julgam donos da verdade; os que não respondem e-mails, nem pra dizer que não tem alguma informação; os que somem nas brumas do nada, sem responder mais e-mails e não dizer por que cortaram o contato. O pior é quando você manda uma informação e publicam sem dar os devidos créditos.

11. Qual o local de pesquisa mais organizado que você já visitou?
O acervo do O Correio do Povo, um pouquinho acima do Hipólito José da Costa e do Moisés Velinho, todos em Porto Alegre. O acervo do Museu de Santa Maria também é muito bem organizado. Em todos o pessoal é muito cooperativo, embora no Hipólito exista uma limitação de número de jornais por dia.

12. E qual o arquivo particular mais interessante que você já teve a satisfação de poder visitar ou de saber de sua existência?
Arquivo particular eu nunca visitei, mas numa certa época uma pessoa de Bagé me mandou cópias xerox de jornais antigos que era do seu acervo e havia pertencido ao pai dele. O jornal havia sido extinto, mas ele conservava o acervo. Faz tanto tempo que nem lembro mais do nome dele. Isto foi antes do e-mail se tornar a ferramenta que é hoje... rsrsrsrsr.

13. Em geral, quais são as maiores qualidades e defeitos de um pesquisador?
Qualidades: a busca do dado certo; a persistência; a dedicação (como do Douglas Rambor, que roda pelo Estado desencavando a história). Defeitos: não compartilhar dados; participar de blogs e postar dados ‘protegidos’ por senha (se não era pra todo mundo ver, por que o cara não manda por e-mail pra todos que participam do blog???); pedir dados e depois nem um muito obrigado; publicar informações como se fosse suas sem citar quem forneceu.

14. Que sugestões você daria para todo pesquisador com a finalidade de facilitar as pesquisas?

Olha... é difícil dar sugestão pra isso, por que cada pesquisador tem suas motivações. Mas manter o foco na sua linha de pesquisa, sem abrir muito o leque de pesquisa, seria algo muito bom. Eu não consigo... rsrsrsrs.

15. Qual seu time do coração? Você faz ou fez pesquisas relacionadas a ele? Mantém contato com outros pesquisadores especializados em seu time do coração? Como é a sua convivência com estes?
Sou gremista, mas não coloco isto como foco. Meu foco são as competições, mas claro que dentro delas eu busco o que puder sobre o Grêmio.

16. Quais suas sugestões e expectativas em relação às pesquisas em seu Estado? Acha que é possível reunir os pesquisadores regularmente em encontros de confraternização?
Acho possível se fazer encontros. Até onde eu sei, já aconteceu um lá pelos anos 1990, não pude ir, organizado pelo João Batista Lopes. Mantenho contato com muita gente que pesquisa, como o Luiz ‘Alvirrubro’, o Izan Müller, o Antonio Carlos do Vale Jr. e por aí vai, que, se passarem por mim na rua, não vou saber que é um deles. E tem mais uma penca que não lembro mais, como o Maciel, o João Batista Lopes (Porto Alegre) etc.

17. Você já publicou algum livro, monografia, CD ou DVD relacionados ao futebol? Tem algum trabalho no “forno”?
Nunca publiquei nada. Mas tenho vontade de fazer um site chamado ‘FootBall RS’ onde vou disponibilizar meu acervo. O problema é tempo para digitar.

18. Você participa de algum blog ou site especializado em pesquisas sobre o futebol?
Participo de um fórum/comunidade do Orkut chamado “Futebol de Porto Alegre” ou coisa assim, mas até agora eu só havia observado e pegado algumas informações. Em breve, eu vou postar informações, por que minha filosofia de vida é compartilhar e não só pegar dados. Nunca fui um ‘chupa-cabra’ de dados... rsrsrsrsrsr.

19. Quais são seus projetos de pesquisas para o futuro?
Acessar os dois bancos de dados on-line na Internet, ‘Folha de São Paulo’ e ‘Jornal do Brasil’, para pegar tudo o que eu conseguir de dados sobre: Taça Brasil, Copa Libertadores de América, Intercontinental de Clubes e Campeonato Brasileiro de Seleções, num primeiro momento, e depois sobre as copas que a CONMEBOL tinha no passado, e que não tenho todas as súmulas: Supercopa da Libertadores, Copa Mercosul etc.

20. Na sua opinião, qual foi o melhor pesquisador que já tivemos em nossa história?
Aqui no Estado do Rio Grande do Sul, o Amaro Junior, pelos seus Almanaques do Esporte. O melhor livro que já li e tenho sobre o futebol é do Hermito, de Santa Maria, ‘Futebol e Reminiscências’. No Brasil, acho que o Thomaz Mazzoni. E o Júlio Bovi Diogo, de Santos, que é neuro-cirurgião e não sei como encontra tempo para postar informações.

21. Um sonho que você ainda não realizou em suas pesquisas.
Completar os dados (súmulas) do Citadino de Porto Alegre no período 1910-1972, das Ligas onde jogavam a dupla Gre-Nal e os resultados das outras Ligas menores. Só com O Correio do Povo é impossível, por que em alguns anos tem até cinco Ligas disputando seus campeonatos e à partir de 1918, com campeonatos de terceiros times, ‘Filhotes’ (infantis) e até quartos times. Isto começou ali por 1914 e eu não consigo completar tabelas de Ligas onde não estão disputando a dupla Gre-Nal só com o acervo do Correio do Povo. Às vezes, nem com a participação do Grêmio e do Internacional.
Completar também os dados do Estadual, da Fase Zonal de 1919 a 1960. Por incrível que pareça, quanto mais próximo de 1960 mais difícil é se achar súmulas de partidas no interior. Por exemplo: até hoje, faz uns vinte anos, não consigo achar súmulas de partidas do Cruzeiro de São Gabriel, do Uruguaiana, do Veronese e outros, por que não achei ou não busquei no jornal certo, sei lá.

22. Finalizando, deixe o seu recado ou impressões sobre as pesquisas, sobre o blog e também sobre outro tema qualquer.
Eu gostaria de deixar o seguinte recado para todos os pesquisadores: disponibilizem o que vocês tem, por que ninguém tem tudo e ninguém vai viver para sempre. Um dia a pessoa se vai e os dados que catou, catalogou, organizou, vão para onde? Provavelmente se perderão e muita coisa também. Quem garante que os jornais estarão sempre disponíveis?
Outra coisa: gostaria que TODOS os pesquisadores gaúchos fizessem uma campanha para que o Correio do Povo disponibilizasse seu acervo na Internet, pois hoje on-line só temos A Folha de São Paulo e o Jornal do Brasil. Tem muito pesquisador no interior do Estado que simplesmente não consegue ir a Porto Alegre para pesquisar. Quantos livros poderiam ser gerados e blogs não seriam enriquecidos?

segunda-feira, 1 de abril de 2013

MEMOFUT COMPLETA 6 ANOS

 
 
No dia de ontem, o Grupo Literatura e Memória do Futebol – Memofut completou seis anos de existência.
Criado em São Paulo, em 31 de março de 2007, por interessados em literatura e memória do futebol, o grupo tem como objetivo promover a difusão da literatura no futebol e em outras formas de expressão cultural e artística e apoiar a preservação da memória do futebol.
Seis anos depois, o grupo já é um centro de referência para historiadores, pesquisadores e editores.
Dentre os objetivos do grupo estão:
1. Trocar informações, relativas a lançamentos de novos livros, dados históricos e eventos que tenham como tema a cultura do futebol.
2. Realizar Palestras e Cursos.
3. Pesquisar e preservar tudo o que se relacione com a literatura e história do futebol.
Fazem parte do grupo, jornalistas, escritores, historiadores, professores, estudantes e apaixonados pelo futebol
Nestes seis anos, o Memofut promoveu 53 reuniões, entre normais e extras, com 2.174 presentes, uma média de 41 pessoas por reunião.
Na opinião de vários dos seus membros, o grupo ultrapassou em muito a expectativa de todos.
Vida longa ao Memofut!